sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Reportagem Depoimentos

Especialista em levar efeitos especiais para a Marquês de Sapucaí, o carnavalesco Renato Lage, do Salgueiro, ficou de “boca aberta” com o que viu na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim nesta sexta-feira. O artista mostrou-se impressionado com a tecnologia usada pelos chineses no estádio Ninho do Pássaro e ainda foi surpreendido com a presença de 2.008 tambores no início do evento: no ano que vem, a escola de samba vai levar o tambor como enredo para a avenida. Renato evitou comparações com a festa carioca, mas não deixou de ver semelhanças entre a cerimônia olímpica com os desfiles das escolas. Para o carnavalesco, a festa de abertura de Pequim será um marco na história dos Jogos.

- Foi um espetáculo maravilhoso. De disciplina, de muita tecnologia, de luz, de delicadeza. Eles não brincaram em serviço... Foi muito bonito, “clean”, limpo e objetivo. Virou-se a página em questão de abertura de Olimpíadas. Quem fizer a próxima vai ter que se esforçar para superar – diz.

O carnavalesco inovou nos desfiles do Rio ao levar efeitos de luz e carros “high tech” para a Sapucaí. Com esse estilo, foi campeão com a Mocidade em 1990, 1991 e 1996. Após ver o evento de Pequim, Renato diz que teve idéias para o desfile do Salgueiro 2009. - Os tambores foram lindos, fantásticos. Até me remetem ao meu enredo de tambor... Há coisas no evento que casam com idéias que já pensamos em fazer. Há uma sincronia de pensamentos. Vemos que é possível, mas depende de condições técnicas. Sem recursos, a gente procura compensar com criatividade. Além da tecnologia, a coreografia dos chineses no Ninho do Pássaro foi destacada pelo salgueirense. O carnavalesco disse ter ficado impressionado com a rapidez das trocas de elementos no estádio e até brincou sobre as alegorias animadas por pessoas: - Havia efeitos que pareciam ser de computadores, mas eram de pessoas. Será que eles se inspiraram no Paulo Barros? – pergunta rindo, lembrando do carnavalesco que ficou famoso no Rio por fazer as “alegorias humanas”, em que artistas fazem movimentos nos carros alegóricos.

Assim como Rosa Magalhães, carnavalesca da Imperatriz Leopoldinense e vencedora do prêmio Emmy pela organização dos eventos de inauguração e encerramento dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Renato acha que pelo menos em um quesito o carnaval brasileiro bate a festa de Pequim: o calor humano.

- A escola de samba tem que ser profissional, mas tem que ter também um certo desalinhamento. Tem que brincar. A abertura foi linda, mas no fundo tem um toquinho de frigidez - compara.

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